The Hours, 2002
Stephen Daldry
Estados Unidos
Por que a escolha?
As Horas é um filme imprescindível. Nele, toda a maquinaria audiovisual está sincronizada para cobrir com simplicidade e precisão surpreendentes um enorme arco de problemas comuns a todas as mulheres ao longo de gerações.
O filme une várias linhas do tempo, concentradas em um dia da vida de três mulheres em lugares e épocas diferentes: a escritora Virginia Woolf, em Richmond, Inglaterra, em 1941, luta com seus problemas de saúde mental enquanto escreve Mrs. Dalloway, livro que servirá de vetor simbólico do filme; Laura Brown, em Los Angeles, em 1951, casada, grávida e mãe de um menino, presa em um papel arquetípico da dona de casa dos anos 1950; e, por último, a editora Clarissa Vaughan, que mora com a companheira Sally em Nova York, em 2001, mas cuida de um ex-amor gravemente doente com Aids. As cenas de cada uma dessas histórias estão ligadas de forma mais ou menos explícita, em um tempo narrativo desordenado, mas perfeitamente estruturado e conectado pelo roteiro e pela montagem, formando um sistema de espelhos em que essas três vidas, assim como as continuidades e rupturas da condição feminina durante um século, se refletem e entrelaçam.
Escolhemos As Horas porque o filme se distancia das águas panfletárias com humana profundidade, e completa sua missão crítica na psique e nas emoções de cada espectador, inundando-nos sem remédio.
Ficha técnica