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  • O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de la Mancha, 1605-1614

    Miguel de Cervantes

    Espanha

    Por que a escolha?

    No século 17, Miguel de Cervantes (1547-1616) dá voz à pastora Marcela em seu icônico Dom Quixote (capítulos XII, XIII, XIV). Essa voz, que não era comum ouvir, reivindica os princípios de liberdade e dignidade em um discurso lúcido, lógico e profundo. Em uma peça de oratória perfeita, Marcela defende sua inocência frente às acusações de ser a culpada pelo suicídio de Crisóstomo, que se enforcara por sentir que seu amor pela pastora não era correspondido. Ela aparece no funeral e desafia todos os estereótipos femininos de sua época e também os do amor cortês próprio dos livros de cavalaria. Marcela reivindica o direito de viver de acordo com sua livre escolha e de buscar refúgio para sua independência, assim como sua aspiração de viver sozinha. Ela dessacraliza o mito da beleza feminina, transformando esse atributo em um fardo pesado. Ela não toma o homem como medida para sua vida, assim como também não aceita a ideia de casamento. Essa situação atípica desperta a curiosidade de Dom Quixote, que intervém a favor da declaração de inocência da pastora Marcela e, de certa forma, volta aos cânones de sua literatura com o cavaleiro resgatando a dama do escárnio público. Embora se trate de Dom Quixote, talvez a obra mais estudada de todos os tempos, só agora o destino de Marcela na literatura começa a se separar de seu destino no romance, onde sua valentia foi desterrada à solidão do campo.

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