O arquivo de imagens da memória contra as armadilhas do esquecimento
Ensaio sonoro
por Lucrecia Piattelli
O Arquivo da Memória Trans faz parte da história pessoal de María Belén Correa. Militante do coletivo Travesti-Trans que em 1993 criou a Associação de Travestis Argentinas, María Belén iniciou sua militância contra os editais policiais, ferramenta legal para prender e encarcerar, por até 30 dias, mulheres travestis e trans por estarem vestidas com roupas que não correspondiam ao seu sexo biológico.
A memória é uma forma de esquecimento e o arquivo a exerce como complemento. O Arquivo da Memória Trans fornece um relato das sobreviventes de um crime policial e estatal permanente. Essa é a sua origem e por isso é um arquivo relativo ao desejo: ao desejo de viver, de ter uma vida longa, que ultrapasse os 50 anos. Mas é também o registo das paixões e das derivas vitais dos corpos que exalam a liberdade de terem se escolhido e autodeterminado. O Arquivo da Memória Trans é a expressão de uma estética política e de uma ética da singularidade a partir das vozes dissidentes da diferença sexual.
Edição e design de som: Laura Martínez Duque e Nadina Marquisio