
A última névoa, 1935
María Luisa Bombal
Chile
Por que a escolha?
Aos 24 anos, María Luisa Bombal (1910-1980), talvez a única mulher que se destacou na elite intelectual em torno da revista literária argentina Sur, já havia feito uma tentativa de suicídio por "um amante que não foi" —como ela mesma definiu— e estava terminando um casamento de conveniência com um cenógrafo homossexual com o qual tinha brigas em que se jogavam "pratos na cabeça". Ela tinha se casado por causa da pressão da família e do ambiente, e o desastre dessa experiência parecia confirmar que a ideia de ficar velha a aterrorizava e a repelia drasticamente. Ela escreve, então, A última névoa em meio a um desamor e a um divórcio que a confronta com o medo de ficar solteirona, uma tragédia para as mulheres de classe média e alta do início do século 20.
Na obra de Bombal, uma feminista involuntária que torna o privado público, suas mulheres estão constantemente divididas entre a loucura e a névoa, entre o desejo e a resignação.
Ficha técnica