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  • Madame Bovary, 1857

    Gustave Flaubert

    França

    Por que a escolha?

    Porque Flaubert passou cinco anos saboreando-a, observando suas sombras e suas luzes, decifrando-a em sua complexidade, deixando transparecer sua frivolidade, seguindo até o menor passo na corrida desenfreada dessa mulher, madame Bovary, pelo caminho que não era outro, que não poderia ser outro, a não ser o de sua própria tragédia, que ela montou como se fosse com filigrana, com enorme cuidado, precisão e tenacidade. Porque ninguém se esmerou tanto na própria destruição. Porque ela percorria esse caminho com ilusão, tão ingênua, tão inocente, tão ignorante de seu ambiente e de sua época. Porque Emma Bovary não se importaba com mais nada, não desejava nada com mais força, com mais persistência, com mais obstinação, do que fazer de sua vida a vida dos romances com os quais enchera sua cabeça e seu espírito. Como viver de outra maneira a vida que aquele século havia destinado a ela?

    Porque Flaubert, ao fim desses cinco anos cuidando-a e conhecendo-a, acabou dizendo “Madame Bovary c’est moi”, e legou à humanidade a personagem feminina mais notável da literatura universal.

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