
American Beauty, 2017
La Chola Poblete
Argentina
Por que a escolha?
A obra de La Chola Poblete encontra-se na interseção dos conceitos de gênero, corpo e identidade. Esta artista transmultidisciplinar questiona o paradigma ocidental sob o qual os povos indígenas e os dissidentes sexuais são oprimidos e vê no disciplinamento dos corpos imposto pelo poder colonial no século 16 um fio condutor que explica a dominação das taxonomias de gênero atuais. La Chola Poblete se destacou no cenário artístico com American Beauty, sua primeira performance. Dançando dentro de uma caixa cheia de batatas fritas Lay's, ela pisoteava um alimento sagrado e essencial para os povos nativos dos Andes centrais que acabou "virando um emblema do capitalismo lixo".
Em sua série Vírgenes Chola, ela usa a chola como ponta de lança para criticar a exotização dos povos indígenas e para mostrar uma complexa rede de representações sobre o que, para ela, significa ser indígena e não-binária. Batatas, plantas e vasilhas, figuras antropomórficas e estatuetas com seios e pênis, virgens indígenas e aves de rapina se entrelaçam para tornar visíveis as tensões inerentes às identidades culturais originárias, onde convivem fetichismo, exotismo e discriminação, mas também saberes e práticas milenares, seus modos de existência.
Sou um corpo não desejável mas aqui estou visibiliza e denuncia a forma em que o paradigma hegemônico da beleza separa corpos desejáveis daqueles que não são. Ela, indígena e trans, nasce de novo em sua obra Nascita di Chola e em todas as outras obras, das quais emana um grito político em que ela reivindica sua cor marrom e sua identidade homossexual. Ela reivindica um espaço de desejo para as corporeidades diferentes e ergue sua beleza como estandarte da diferença.
Ficha técnica

Nascita di Chola, 2013
