
Foto: Artribune
Azione sentimentale, 1973
Gina Pane
França
Por que a escolha?
Em meio ao contexto social e político convulsionado por violências, revoluções, governos autoritários e conflitos armados da década de 1970, a artista franco-italiana Gina Pane (1939-1990) produziu um conjunto de obras em que usou seu corpo como suporte para produzir uma experiência transcendente e empática no espectador.
Em Azione Sentimentale, Pane enfia espinhos de rosa no braço e corta a mão com uma lâmina de barbear, enquanto uma voz lê a correspondência entre duas mulheres. Embora suas ações fossem muitas vezes interpretadas como excessivas, seu trabalho introduziu preocupações relacionadas com a violência exercida sobre o corpo das mulheres e com as amarras persistentes sobre as existências feminizadas, em um contexto no qual as incipientes revoluções feministas disputavam sentidos e lutavam por maiores liberdades. A violência patriarcal que recaía sobre as mulheres e as dissidências coincidia com a opressão do imperialismo no Vietnã e nos países latino-americanos que viviam sangrentas ditaduras militares. E também coincidia com a destruição do meio ambiente, que Pane já considerava preocupante.
Os ferimentos que ela infligia a si mesma desesperavam e chocavam um público que não estava acostumado a presenciar ações tão arriscadas. O objetivo era despertar uma sociedade entorpecida, indiferente e passiva diante das atrocidades que ocorriam no mundo. O corpo que sofre em cada ação performativa transforma-se, simbolicamente, em todos os corpos sofredores que ela tornou visíveis e cuja fragilidade ela revelou.
Ficha técnica

Foto: Max Pescio