
Die Braut (Pandora), 1927
Hannah Höch
Alemanha
Por que a escolha?
Hannah Höch (1889-1978) usou suas obras como ferramenta política e como estratégia para ironizar alguns temas recorrentes: o declínio da República de Weimar nas primeiras décadas do século 20, a sociedade de consumo e o papel da mulher. Tendo como eixo a exploração de diversas técnicas, suportes e materiais, Höch participou das vanguardas artísticas europeias do início do século 20 e foi a primeira mulher a fazer parte do Dadaísmo. Ela foi pioneira no uso da fotomontagem: suas colagens combinam recortes de revistas com tinta acrílica, óleo e aquarela. Texturas, várias escalas, fragmentações e simetrias resultam em composições hilariantes e perturbadoras.
Em A Noiva ou Pandora, uma mulher dá o braço para um homem. Eles são um casal. O rosto dela é o de um bebê, ou melhor, é o rosto de uma boneca. A cabeça, desproporcional, olha com medo para várias representações que remetem à vida conjugal: um bebê e um mamilo, arranjos florais, uma corrente. A atmosfera projetada parece estática e a infantilização da figura feminina só acentua seu papel de objeto inanimado e assistencial. O título –profundamente provocador– faz alusão a Pandora, o mito grego que situa a primeira mulher como a origem dos infortúnios e a culpada por espalhar os males na humanidade.
Em trabalhos anteriores, Höch havia questionado a imagem e a superficialidade da “Neue Frau” ou “Nova Mulher” alemã de meados do século 19, a suposta igualdade de gênero adquirida. Ela considerava que o avanço dos direitos civis e a emancipação da mulher eram uma ficção, por isso centrou sua obra nas questões pendentes do feminismo: a instituição do casamento; a vigência dos impedimentos à autonomia feminina; a atribuição de papéis de acordo com o gênero; os padrões de beleza; a falta de independência econômica; o controle sobre a reprodução; e a subordinação na esfera doméstica.
Ficha técnica

A menina bonita, 1920
