
Interior Scroll, 1963
Carolee Schneemann
Estados Unidos
Por que a escolha?
A obra de Carolee Schneemann (1939-2019), disruptiva e polêmica, enfrenta o patriarcado com o próprio corpo. Um corpo que é o lugar onde a ação acontece. Schneemann reivindica o poder criativo do corpo e também o coloca como fonte inesgotável de conhecimento. O corpo em geral, o corpo feminino em particular, pede para contar sua própria história e parece esconder, em cada parte e interstício, a história da sua opressão.
Schneemann apresentou pela primeira vez sua performance Interior Scroll em 1975, em uma exposição chamada "Woman Here and Now" em East Hampton, Nova York. Ela apareceu de pé em cima de uma mesa, nua e enrolada em um grande lençol branco. Depois, soltando o lençol que a cobria, pintou o rosto e o contorno do corpo nu enquanto se movia como se estivesse posando em uma aula de desenho. Quando a ação performática parecia ter acabado, Schneemann abriu as pernas e extraiu da vagina um longo pergaminho, e o leu. Era um fragmento de seu livro, Cézanne, She Was a Great Painter onde, entre outras coisas, clamava: “Estejam preparadas para serem interrogadas para colher mal-entendidos e serem tratadas injustamente…”
Em plena segunda vaga feminista, na ativa década de 1960, quando as mulheres questionavam as imposições que subordinavam os seus corpos à lógica patriarcal e capitalista, Interior Scroll foi excepcionalmente relevante. À premissa da disponibilidade dos corpos femininos, Schneemann respondeu colocando o seu corpo para falar, suas entranhas, em uma ação que causou um desconforto reflexivo e profundo.
Ficha técnica
