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  • Foto: MNBA, Buenos Aires

    La vuelta del Malón, 1892

    Ángel Della Valle

    Argentina

    Por que a escolha?

    Porque nesta tela enorme, que dizem representar a origem da nação argentina, convergem as principais referências da época: as tensões culturais, a violência da modernização, a dominação patriarcal e racial. Mas, como narração do já vitorioso homem branco, esta obra, mais do que retratar esses conflitos, é uma lição sobre eles. Mais do que descrever o que sucedeu, conjectura sobre o que teria ocorrido se a barbárie do indígena tivesse triunfado, se qualquer barbárie existente, ou por existir, irrompesse novamente. O quadro é então uma justificação e uma regulamentação de longo alcance. Vejamos que regime ele descreve para o mundo feminino: a mulher reclinada, desmaiada sobre o peito do índio em meio à fúria acobreada do ataque inesperado dos indígenas, é moeda de troca. Sabemos também que, se não houver uma negociação rápida, ela logo será descartada, pois ao ter sido desonrada, será esquecida. Ultrajada, ela também seria portadora de um mal pior do que a desonra: haveria que abandonar aquela que gestaria filhos da temida mestiçagem.

    Ficha técnica

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