Por que a escolha?

A ausência de corpos nesses vestidos vermelhos pendurados é uma representação visual da perda de milhares de vidas de meninas e mulheres indígenas, assassinadas ou desaparecidas, no Canadá. The REDress Project busca conscientizar sobre a violência racial e de gênero exercida sobre esse grupo humano a quem presta homenagem. A instalação, que desde 2010 acontece em ambientes fechados e ao ar livre, pendura vestidos vermelhos nas árvores de universidades, casas, salões de exposição, bosques e rodovias para que os transeuntes esbarrem neles. Jaime Black abre assim um espaço para o luto e a reflexão.

Jaime Black é uma ativista multidisciplinar e uma artista métis. Em suas performances e instalações, ela aborda questões ambientais, políticas e sociais. Mas seus eixos temáticos fundamentais são a violência de gênero e a justiça social indígena. REDress, seu projeto mais importante e ambicioso, conseguiu motivar a institucionalização do Dia do Vestido Vermelho no Canadá. A obra traz no título um deliberado jogo de palavras: vestido vermelho e reparação. Trata-se de reparar os efeitos da violência contra as mulheres indígenas narrado uma experiência que, segundo a artista, foi apagada diversas vezes desde o início da colonização.

The REDress Project juntou uma enorme força feminina em que se destacam mulheres indígenas idosas, que lembram que muitas comunidades da Ilha Turtle eram matriarcais e que, nelas, o cuidado, a conexão, o respeito ao outro e à terra era o centro do sistema de valores antes da colonização. É nesses valores ancestrais que Jaime Black vê a esperança de um futuro.